Diretora do Galois sobre racismo em partida de futebol: “Começamos a identificar”

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A diretora-presidente do Colégio Galois, de Brasília, Dulcineia Marques, gravou um vídeo em repúdio ao episódio de racismo ocorrido durante uma partida de futebol de salão do Torneio da Liga das Escolas, em 2 de abril, na escola. Na ocasião, os estudantes do ensino médio do Galois, instituição anfitriã do jogo, teriam ofendido os atletas do time adversário, da Escola Franciscana Nossa Senhora de Fátima, com termos como “macaco”, “filho de empregada” e “pobrinho”.

Em um vídeo publicado no perfil oficial do Galois na noite deste sábado (13/4), a diretora diz lamentar o fato e que tomará as medidas pedagógicas, educacionais e de direitos em desfavor dos alunos responsáveis pelos ataques racistas. “Queremos deixar claro que o colégio, há 28 anos, trabalha a excelência cognitiva atrelada aos valores morais. Não só afirmamos os valores, mas vivemos esses valores aqui dentro e além deles os espirituais. Queremos pedir a vocês, do Colégio Nossa Senhora de Fátima, especialmente a vocês alunos do esporte, e também pedir a vocês, pais, nossos parceiros, que confiam em nós e nos conhecem”, declarou.

Dulcineia Marques afirmou, ainda, que as equipes pedagógicas estão em fase de identificação dos estudantes suspeitos do crime. “A escola está inserida na sociedade e não podemos escolher quais alunos escolhem a escola. Lamentavelmente, um grupo muito pequeno que não coaduna com nossos valores fazem parte da sociedade, mas vocês podem estar certos que não mediremos esforços para descobrir quais são esses alunos. Já começamos”, finalizou.

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Em entrevista concedida ao Correio nesta sexta-feira (12/4), o treinador da Escola Fátima, Carlos de Souza Maia, deu mais detalhes sobre a cena que presenciou. “Eles também zombaram dos cabelos dos estudantes atletas da Escola Fátima e do tipo físico, pois eram muito magros, insinuando que não comiam porque passavam fome”, lamenta o treinador, que também é orientador educacional.

De acordo com Carlos, os atletas da Escola de Fátima também relataram que a torcida batia com o punho no peito imitando gestos de macaco. “Ao término do 1º tempo, foi realizada uma abordagem ao professor do Colégio Galois, pedindo uma atitude educativa, pois nossos estudantes atletas da Escola Fátima estavam sendo humilhados de maneira absurda”, conta o treinador. Ele comenta que, por parte da sua equipe, o espírito sempre foi o de participar da disputa de modo saudável e evitando qualquer possibilidade de conflito. “Considerando que nossa escola sequer levou torcida”, ressalta.

Maia também lembra que o professor do Galois foi até a torcida pedir para que parassem com as ofensas. Mesmo assim, as agressões não cessaram. “O episódio gerou um enorme dano emocional para os nossos estudantes atletas da Escola Fátima e seus familiares”, enfatiza.

Mesmo diante da situação, “apesar das expressões de ódio, ofensas e palavrões, continuamos jogando”, diz o professor. Ele pede que o caso não fique sem que providências sejam tomadas. “Não pode ser natural olhar para um grupo de jovens estudantes e vê-los chorar porque estão sendo massacrados por preconceito”, reclama.

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