‘Exército de likes’ do Brasil pode influenciar chances de ‘Ainda Estou Aqui’ no Oscar?

Duas semanas após ganhar o Globo de Ouro, a atriz Fernanda Torres concedeu uma entrevista ao programa Jimmy Kimmel Live, um dos principais talk shows dos Estados Unidos.

O vídeo, publicado no dia 17 de janeiro, já foi visto mais de 3,5 milhões de vezes, uma marca bem acima de outras entrevistas com celebridades publicadas no perfil do programa no Instagram.

Na semana anterior, por exemplo, um vídeo com a atriz e cantora Selena Gomez alcançou 450 mil visualizações.

Brasileiros também lotaram de comentários as publicações da entrevista nas redes sociais do talk show.

“Foi aqui que invocaram a tropa?”, disse um espectador no canal do YouTube do programa.

Não é de agora que os brasileiros parecem determinados a fazer bombar toda e qualquer postagem nas redes sociais sobre o filme Ainda Estou Aqui e sua protagonista, ambos cotados a estar entre os indicados ao Oscar que serão anunciados na manhã da quinta-feira (23/1).

Uma foto da brasileira publicada no perfil oficial da publicação, ainda em novembro, bateu 1 milhão de curtidas e dezenas de milhares de comentários em menos de 24 horas.

Na madrugada de 6 de janeiro, logo após Torres ganhar o prêmio de Melhor Atriz em Drama no Globo de Ouro, brasileiros comentaram e curtiram em pedo todas as publicações do perfil da premiação no Instagram.

No vídeo que o Globo de Ouro publicou com o discurso da atriz americana Demi Moore, que tinha acabado de ser premiada na categoria de Melhor Atriz em Comédia ou Musical, a maioria dos mais de 3 mil comentários era de brasileiros impacientes pedindo que fosse publicado também o discurso de Fernanda.

“Poste logo a Fernanda Torres ganhando para eu poder engajar bastante e ir dormir”, escreveu um brasileiro.

“O adm [administrador da página] sabendo que irá fazer o maior post de sua história como social media”, escreveu outro.

Quando finalmente foi publicado, o corte foi o mais assistido e comentado no perfil da premiação naquela noite. Hoje, soma mais de 77 milhões de visualizações e de 326 mil comentários.

Brasileiros têm inundado redes sociais com comentários de campanha por Fernanda Torres no Oscar

O “exército de likes” de brasileiros que está engajado em promover — e defender — Fernanda Torres e Ainda Estou Aqui já deu algumas outras demonstrações do seu poderio.

O crítico francês Jacques Mandelbaum, do jornal Le Monde, sentiu na pele como é estar na mira da “tropa”.

Ele publicou uma resenha negativa de Ainda Estou Aqui, em divergência com a voz quase unânime dos críticos internacionais sobre o filme. Novamente, brasileiros inundaram a rede social do jornal de comentários.

“Tô vendo que o Brasil tem mais uma página pra derrubar”, disse um deles.

“Provocaram, agora aguentem”, disse outro.

“Pão de queijo é melhor que croissant”, provocou mais um.

O jornal apagou a maioria dos comentários dos brasileiros.

Outro alvo foi a apresentadora argentina Paula Galoni, cujo perfil chegou a cair após pressão de brsileiros.

No dia 10 de janeiro, Paula, Victoria Casaurang e Mercedes Cordero fizeram piadas depreciativas sobre a aparência da atriz no programa Vamos Las Chicas.

Uma delas disse que Fernanda Torres não estava convencida de que ganharia o prêmio e, por isso, não teria penteado o cabelo para a ir à cerimônia do Globo de Ouro.

A pressão foi tanta que elas tiveram que fechar os comentários de seus perfis após o episódio.

O comportamento e a influência dos brasileiros nas redes sociais é uma das diferenças em relação à última vez que o Brasil disputou um Oscar, em 1999 com Central do Brasil, também de Walter Salles, e estrelado por Fernanda Montenegro, mãe de Fernanda Torres.

Essa “tropa” do Brasil pode ter alguma influência sobre como votam os quase 9,5 mil membros da Academia — entre eles, 53 brasileiros?

Afinal, como funciona a votação do Oscar e qual o peso que as curtidas nas redes pode ter na hora em que são definidos os indicados e vencedores?

A BBC News Brasil conversou com especialistas na indústria cinematográfica que votam em premiações internacionais para entender se tanto engajamento pode ajudar a fazer com que o Brasil ganhe uma estatueta inédita.

Quem define os indicados e ganhadores do Oscar

O Oscar, mais importante prêmio do cinema, é concedido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, formada por profissionais da indústria do cinema.

Ou seja, diretores, produtores, atores e técnicos de diversas áreas votam para definir quem vai ser indicado e premiado.

A Academia passou por transformações significativas nos últimos anos, especialmente após a campanha #OscarsSoWhite (#OscarsTãoBrancos, em tradução livre), lembra a crítica de cinema Cecília Barroso, editora do site Cenas de Cinema e votante no Globo de Ouro.

O movimento expôs, em 2016, a falta de diversidade racial entre os indicados e vencedores da premiação.

“A Academia foi envelhecendo e enfrentava um problema: a predominância de homens brancos. Isso gerou questionamentos sobre a falta de representatividade e como isso refletia nas indicações”, diz.

A Academia tomou então medidas para tornar seu rol de membros mais diverso, como incluir mais profissionais de fora dos Estados Unidos, mulheres e negros.

O número de profissionais aptos a votar aumentou em 65% em uma década, segundo levantamento do jornal Los Angeles Times.

Barroso destaca que essa mudança, associada a ascensão do movimento de combate ao abuso sexual #MeToo em 2017, aumentou a diversidade não só da Academia, mas das listas de indicados e vencedores.

“Começamos a ver essa transformação nas próprias escolhas da premiação”, diz a crítica.

O documentarista e antropólogo Emílio Domingos, diretor de filmes como Black Rio! Black Power! (2023) e Favela é Moda (2019), ingressou na Academia neste novo momento, em 2022.

“Pessoas que faziam parte da Academia sugeriram o meu nome. Mandei meu currículo e minha filmografia, que foram submetidos a uma análise”, conta Domingos.

“O Oscar representa uma indústria audiovisual muito forte, a mais tradicional no mundo, e eu faço filmes independentes sobre juventude negra e periferia. Foi um inusitado, mas, ao mesmo tempo, honroso.”

Ele é hoje um dos 53 brasileiros aptos a votar no Oscar e participa agora de sua terceira edição.

“É importante ocupar esses espaços, trazer esses olhares de mais pessoas negras, latino-americanas e de outros locais do mundo para ampliar esse olhar sobre o que é o cinema”, diz Domingos.

“Não podemos desconsiderar o quanto o Oscar dita padrões estéticos e padrões do cinema. Isso é inegável.”

Como funciona a votação do Oscar

São 23 categorias do Oscar: para concorrer, filmes devem atender critérios de elegibilidade

O caminho para um filme no Oscar começa com a elegibilidade.

Ou seja, para ser considerado para a premiação, uma produção deve atender critérios específicos para cada categoria, entre eles de duração, exibição e formato.

Por exemplo, para se tornarem elegíveis, os filmes devem ter estado em cartaz no ano anterior em uma sala de cinema comercial, por sete dias consecutivos, em pelo menos uma das seis principais áreas metropolitanas dos Estados Unidos — Los Angeles, Nova York, Baía de São Francisco, Miami e Atlanta.

Na categoria de Melhor Filme Internacional, cada país pode submeter apenas um filme à categoria, escolhido por uma comissão nacional.

O filme indiano Tudo que Imaginamos Como Luz, por exemplo, que concorreu a prêmios como o Globo de Ouro, não foi indicado pela Índia para o Oscar — o que o tornou inelegível para essa categoria.

No Brasil, essa seleção é feita pela Academia Brasileira de Cinema, que todos os anos nomeia uma comissão responsável pela indicação.

Em algumas categorias, como Melhor Filme Internacional, Documentário e Efeitos Visuais, existe uma votação preliminar à nomeação, em que é elaborada uma lista, com 10 a 15 candidatos por categoria.

Essa short list, no jargão da indústria, é divulgada em dezembro e é definida por comitês especializados.

Ainda Estou Aqui foi pré-selecionado para a categoria de Melhor Filme Internacional e Fernanda Torres aparece na lista de cotados para nomeação de Melhor Atriz.

Com isso, começa a votação para determinar os indicados de cada categoria.

Nesta etapa, apenas os membros da respectiva área indicam os candidatos — atores indicam atores, editores de filmes indicam editores de filmes, e assim por diante.

A exceção é a categoria de Melhor Filme, em que todos os membros podem votar.

No caso de Filme Internacional, como é o brasileiro, a votação é feita por um comitê.

Os membros escolhem seus favoritos em cédulas virtuais, em ordem de preferência. Os cinco mais votados de cada categoria se tornam os indicados, que serão divulgados nesta quinta.

Para decidir, os votantes têm acesso a uma plataforma do Oscar para assistir a todos os filmes.

“É uma experiência intensa de descobrir novos realizadores no mundo inteiro, ver ter contato direto com uma produção muito atual”, diz Domingos.

Com os indicados definidos, se inicia a votação final, que também é online. Nesta fase, todas as 23 categorias do Oscar estão disponíveis para votação dos membros.

Os votos são apurados pela empresa de auditoria PriceWaterhouseCoopers (PwC).

Os resultados são revelados na cerimônia do Oscar, que será neste ano em 2 de março.

A força da campanha

Neste processo de indicação e votação, é possível que uma torcida, como a “tropa” de brasileiros, influencie a premiação?

Para os especialistas na indústria do cinema ouvidos pela reportagem, a resposta é sim.

Isso porque a campanha de um filme para o Oscar é uma peça fundamental em sua trajetória na premiação.

Estúdios investem em marketing para conquistar os votos dos membros, promovendo exibições exclusivas e eventos com elencos e diretores.

Mas o caminho para o Oscar não depende apenas do mérito do filme ou da atriz, ressalta a crítica de cinema Isabela Boscov.

Em entrevista à BBC nesta semana, ela afirmou que fazer campanha — participação em eventos, entrevistas, aparições públicas, sessões do filme com debates para votantes da premiação — é crucial para levar o prêmio mais importante do cinema para casa.

Emílio Domingos relata que, como membro da Academia, é impactado pelas campanhas.

“Quando chega o período de novembro a dezembro, já começo a receber mensagens de pessoas que são candidatas do mundo inteiro”, diz o documentarista.

“As próprias redes sociais têm posts patrocinados que começam a aparecer na timeline do meu Instagram. Então, sem dúvida alguma, é importante existir uma campanha massiva para os filmes serem vistos”, relata.

Para a crítica Cecília Barroso do sucesso de uma candidatura ao prêmio depende diretamente desta campanha, que inclui entrevistas, sessões comentadas e participação em eventos de destaque.

“É fundamental. Diria que mais de 70% do que faz o filme é campanha”, diz Barroso.

No caso de Ainda Estou Aqui e de Fernanda Torres, o engajamento dos brasileiros nas redes sociais é elemento crucial para dar visibilidade internacional a filmes que não são produzidos nos Estados Unidos ou Reino Unido, pontua a crítica.

Por isso, ressalta Barroso, o apoio do público e o barulho nas redes sociais podem fazer diferença.

Ela diz que postagens constantes sobre o filme e a atriz têm gerado um efeito cascata, ampliando a presença da produção brasileira na mídia internacional.

“Esta movimentação está fazendo com que a imprensa estrangeira corra atrás da Fernanda Torres para entrevistas”, explica Barroso.

“E a Sony, que é a distribuidora do Ainda Estou Aqui, tem feito uma campanha grande e boa. Além disso, a Fernanda Torres é muito carismática e tem conquistado os jornalistas, que estão encantados com ela.”

O diretor Walter Salles e dos protagonistas do filme, Fernanda Torres e Selton Mello, estão se dedicando a uma extensa agenda internacional

A documentarista e jornalista especializada em cinema Flavia Guerra, que também vota no Globo de Ouro, também acredita que as curtidas em massa nas redes podem ajudar a dar visibilidade ao filme e a sua equipe.

Mas ela pondera que isso não necessariamente vai determinar o voto dos membros da Academia.

“A relação é mais indireta. Quanto mais hypado o filme está, quanto mais as pessoas encaminham vídeos e fotos, mais ele fica na cabeça dos votantes”, explica Guerra.

“Isso pode levar alguém a assistir à produção, mas não significa que isso vá garantir um voto.”

Para ela, o reconhecimento de Fernanda Torres no Globo de Ouro foi um marco essencial para colocar Ainda Estou Aqui e a atriz no radar dos eleitores do Oscar.

“Tenho certeza de que, quando a Viola Davis anunciou a vitória de Fernanda Torres, muitos votantes do Oscar pararam e pensaram: ‘Preciso assistir a esse filme’. Esse tipo de visibilidade é crucial.”

Guerra também pontua que campanhas consistentes são fundamentais para sustentar a presença do filme, algo que envolve não apenas engajamento online, mas também ações estratégicas de marketing.

No entanto, ela pondera que os votantes do Oscar têm critérios próprios e podem não ser diretamente influenciados pelo apelo popular.

“O engajamento brasileiro ajuda a amplificar o filme no exterior, mas o voto final considera aspectos técnicos, narrativos e artísticos, e não apenas a popularidade.”

Prêmio de Fernanda Torres no Globo de Ouro é essencial para colocar Ainda Estou Aqui no radar do Oscar

Ainda assim, Guerra acredita que a indicação de Fernanda já seria uma vitória significativa para o cinema brasileiro.

“É improvável, mas não impossível que ela vença. Só o fato de estar na corrida já representa um grande reconhecimento.”

Emílio Domingos, por sua vez, comemora o clima de Copa do Mundo em torno do cinema e a redescoberta da paixão por parte do público.

“O cinema, de maneira geral, vem passando por uma crise de público. Para mim, enquanto cineasta, é importante ver que filmes levar as pessoas ao cinema, mobilizarem a sociedade. O cinema serve para isso também.”

O que Paula Fernandes disse sobre comentário de Roberta Miranda

Roberta Miranda, uma das figuras mais emblemáticas do sertanejo, revelou no programa Roda Viva detalhes de uma desavença com Paula Fernandes. Segundo Roberta, a intérprete de “Pássaro de Fogo” teria “humilhado” um integrante de sua equipe no passado. A resposta de Paula não demorou a chegar e, nesta terça-feira (21), a cantora se posicionou sobre o assunto, buscando apaziguar a situação.

Em entrevista exclusiva para Fábia Oliveira, do Metrópoles, Paula Fernandes destacou sua admiração pela trajetória de Roberta Miranda, reconhecendo sua relevância como uma das pioneiras do sertanejo. “Olhando o vídeo da entrevista da Roberta, pude confirmar que às vezes, recortes da vida podem criar falsas percepções. Assim como resumir toda a história e luta de alguém a uma palavra”, iniciou.

Paula relembrou que admira Roberta Miranda desde a infância, ressaltando o papel importante da veterana na abertura de espaço para mulheres no cenário musical. “Ela foi uma inspiração para mim e para tantas outras mulheres que batalham por um lugar ao sol. Sei que se os desafios já eram enormes quando comecei, imagino o quanto ela enfrentou em um ambiente ainda mais machista. Só por isso, levanto e bato palmas de pé para ela”, afirmou.

A cantora também aproveitou para refletir sobre sua própria personalidade. “Sou tímida, e isso pode, às vezes, passar uma impressão de distanciamento. Muitos esperam uma Paula Fernandes sempre expansiva e falante, mas continuo sendo alguém em construção, buscando evoluir a cada dia.”

Em relação à acusação de ter humilhado um integrante da equipe de Roberta Miranda, Paula negou de forma categórica. “Eu não gosto de julgar ninguém e acredito que culpar diretamente não leva a lugar algum. Se minha equipe, de alguma forma, desrespeitou alguém, a responsabilidade no final do dia é minha. Sou a líder desse time e carrego essa responsabilidade.”

Paula reforçou que, atualmente, trabalha com novos empresários e uma equipe reformulada, e que situações como essa não fazem mais parte de sua rotina profissional. “Nos últimos seis anos, venho construindo um ambiente mais harmonioso, e isso reflete nos acertos que tivemos.”

Finalizando sua resposta, Paula Fernandes deixou claro que não guarda ressentimentos de Roberta Miranda. “Acredito que mulheres são mais fortes juntas. Quando somamos forças, criamos um mundo mais igual para todos e ocupamos o espaço que nos é de direito”, concluiu.

Durante sua participação no Roda Viva, Roberta Miranda revelou que o desentendimento com Paula Fernandes ocorreu em um momento de forte emoção, envolvendo seu então diretor de DVD, Tiago Silva, da TS Music. Segundo Roberta, Paula teria agido de forma desrespeitosa, o que levou Tiago às lágrimas.

Apesar das críticas, Roberta fez questão de destacar que não tem nada contra Paula pessoalmente. “Gosto da Paula Fernandes como compositora e da voz dela. Só não temos nenhuma relação”, disse a cantora, encerrando o assunto.

Artur Jorge explica motivos para saída do Botafogo: ‘Entendi que havia fechado um ciclo’

Campeão da Libertadores e do Brasileirão pelo Botafogo em 2024, Artur Jorge decidiu encerrar a passagem pelo clube ao final da última temporada, e se transferiu para o Al-Rayyan, do Catar, após nove meses como técnico do alvinegro. Agora no Oriente Médio, o português garante que não há mágoas, e apenas gratidão de sua parte.

Em entrevista exclusiva ao canal Alkass, do Catar, Artur Jorge abriu o jogo sobre a decisão de deixar o futebol brasileiro:

— Já se falou muito sobre esse tema. Muita coisa errada também. O que tenho para dizer é que tudo aquilo que eu tenho, enquanto sentimento para com o Botafogo, e para com as pessoas do Botafogo, trabalhadores e torcedores, é de gratidão. Porque eu sempre fui muito bem recebido, fui muito bem tratado, por todos aqueles que lidaram diariamente comigo, e aqueles que nos acompanharam ao longo de toda a temporada. Para mim, isso é o sentimento mais importante, aquilo que vai prevalecer, que eu quero guardar e eternizar — disse Artur.

— Foi, de fato, um momento muito difícil para mim, tomar a decisão de sair. Mas também entendi que havia fechado um ciclo ali, que tinha sido um ciclo ganhador, de sucesso, de grandes conquistas, de glória eterna até — frisou.

O novo treinador do Al-Rayyan ainda compartilhou a decisão de sair com o próprio Botafogo, que ele diz ter participado do processo. Seu contrato iria até o final de 2025, mas foi quebrado mediante acordo para pagamento da multa rescisória.

— Portanto, entendemos que aquele podia ser o momento. Quando digo que entendemos, é uma decisão que é minha, mas, obviamente, do clube também, naquilo que foi o acordo que tivemos para poder quebrar os dois ciclos (temporadas) que tínhamos, e cumprirmos apenas um — prosseguiu Artur:

— Aquilo que eu sempre falei com o John Textor (dono da SAF) foi exatamente isso, de que seria muito difícil nós repetirmos aquilo que fizemos, e que seria importante para todos nós que aquele fosse um momento que ficasse eternizado. E que ali podia ser um momento em que nós tivéssemos que seguir caminhos separados — disse Artur Jorge.

Mesmo longe do Botafogo, porém, o técnico de 53 anos não esconde que mantém o interesse em jogadores do clube — o volante Gregore foi um exemplo de nome que já tentou levar. O Catar tem uma liga que ele admite ser de pior nível técnico, mas trabalha com a missão de melhorá-la, assim como vencer um título com o Al-Rayyan ainda nesta temporada.

— Temos a intenção de fazer algumas alterações na equipe, tendo em conta os jogadores estrangeiros que aqui estão. Os jogadores do Botafogo são todos muito alvos, porque eu os adoro, sou apaixonado por eles e por aquilo que nós conquistamos juntos — admitiu. — Conheço todos muito bem em seu valor futebolístico e de caráter. Mas não estamos em condições de afirmar ou garantir, porque só temos cinco vagas para estrangeiros, e temos que ser criteriosos na escolha. Pode ser (contratações) nesta janela ou na de fim de temporada, quando teremos mais opções e oportunidades de, quem sabe, trazermos os jogadores que conhecemos e queremos muito.

Para o português, por mais que tenham havido muitas reclamações da torcida e de pessoas de dentro do Botafogo, não restou nenhuma chateação, e ele acredita que a decisão foi importante para preservar a temporada histórica de 2024.

— Ninguém ficou chateado com ninguém. Percebo tudo aquilo que se fala e todo o lado emocional, mais do torcedor até, mas tenho um sentimento de grande amor pelo Botafogo. Seguramente, tem muita gente que gosta de mim também. Portanto, a decisão de separar caminhos, por mais dura que seja, e por mais que custe, foi melhor para nós e para aquilo que conquistamos. Mas nossos caminhos vão sempre andar bem próximos, porque o sentimento que nos une é muito forte para que haja uma separação – declarou.

Artur Jorge voltou a elogiar as pessoas do clube e disse que o grupo era uma família.

– O Botafogo foi um clube que ficou marcado na minha vida para sempre. Nós conquistamos títulos muito importantes, colocamos o nome do Botafogo na história, ao conquistarmos a primeira Libertadores do clube, voltarmos a ganhar um Brasileirão quase 30 anos depois. Foi uma temporada extraordinária — falou o treinador.

— Uma paixão enormíssima por parte da torcida. Encontramos um grupo de pessoas, dentro do próprio clube, aquelas que trabalhavam diariamente conosco, de uma entrega e de uma humildade fora do comum. Também um grupo de jogadores que eram muito mais do que um bom grupo de jogadores. Foi um tremendo grupo de homens, que sempre esteve focado no objetivo de conquistarmos títulos. Fomos capazes, como uma verdadeira família, de fazer com que tenhamos tido uma temporada extraordinária — finalizou.

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Fortaleza contrata David Luiz, ex-Flamengo, para duas temporadas

O zagueiro David Luiz, ex-Flamengo, acertou a contratação com o Fortaleza. A informação é do Esportes O Povo. Assim, o atleta estará no clube cearense por duas temporadas e, ao fim do vínculo, ainda terá a opção de uma renovação.

Aos 37 anos, David Luiz deve se apresentar na semana que vem no Leão, para um anúncio oficial do contrato.

Apesar da idade, o Fortaleza destaca que David Luiz é um jogador experiente, multicampeão, com qualidade técnica e espírito de liderança, virtudes que agradam ao treinador Juan Pablo Vojvoda. O clube também levou em consideração que o atleta demonstra zelo pela preparação física, com risco baixo de lesões ao longo do ano.

David Luiz saiu com rusgas do Flamengo

David Luiz estava no Flamengo desde 2021 e sua saída teve rusgas porque, de acordo com o jogador, ele ficou sabendo pela imprensa – não pelo clube – que o Flamengo havia decidido não renovar o contrato.

“Da mesma maneira que vocês (jornalistas) receberam o comunicado pelo Instagram, assim foi comigo. Ou foi algo intencional ou um pouco amador”,disse David Luiz, em entrevista ao Sportv, no último dia 28/12.

No fim do ano, o novo diretor de futebol do Flamengo, José Boto, rebateu as críticas dizendo que o que se passou foi “profissional”.

“Quando quero contratar um jogador, não falo direto com o jogador. Os agentes ficam p* quando fazemos isso. u estava na Croácia, eles pediram para que eu comunicasse assim que tivesse uma posição. Assim que me reuni com Filipe Luís (técnico), comuniquei pela manhã, muito cedo, às pessoas competentes”, argumentou.

Com a contratação de David Luiz, o Fortaleza faz o seu sexto reforço para 2025. O zagueiro chegou a ser sondado por Corinthians e Cruzeiro, além de Áustria Viena-AUS e Olympiakos-GRE.

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Filho mais velho de Neymar tem encontro com a irmã caçula, Helena

O filho mais velho de Neymar, Davi Lucca, teve um encontro com a sua mais nova, Helena, de cinco meses. O registro foi feito pela mãe do primogênito do craque, Carol Dantas, na última quinta-feira (16). A iniciativa partiu da primeira namorada do craque e a mãe de Helena, a influenciadora Amanda Kimberlly, e a postagem foi acompanhada de elogio de diversos internautas.

Carol Dantas, aliás, tem o hábito de promover encontros, passeios e viagens de seu filho, Davi Lucca, com Mavie, sua irmã do meio. Vale lembrar que a menina é fruto de relacionamento de Neymar com Bruna Biancardi, sua atual namorada. Além disso, Valentin, que é filho mais novo de Carol Dantas em seu casamento com Vinícius Martinez, também está constantemente presente. Em algumas das fotos Mavie brinca em clima familiar com Davi e Carol.

Em um comentário na postagem que registrou uma viagem a Barcelona, a ex-namorada de Neymar destacou a sua semelhança com seu filho mais velho.

“Gente, estava vendo agora aqui os meus Stories. Os Stories que postei, em que eu estava no frio, está todo mundo falando que está a cara do Davi. Está todo mundo perguntando! ‘Uma hora acho que é o Davi, outra hora que é você e depois o Davi’. Realmente está muito parecido e pareço muito o Davi. Está um frio tão grande aqui, que não sei como os meninos treinam futebol nesse frio”, indicou Carol.

“Sério! Eu coloco várias térmicas, luvas, bufandas [cachecol] e tudo. Mesmo assim, tenho tanto frio que não sei. Aqui em casa tem aquecedor, mas mesmo assim, durmo toda empacotada e cheia de roupa. E cheia de pijama quentinho e blusinha, porque tenho muito frio e estou ficando gripadinha. Vou tomar um chazinho agora”, concluiu Carol Dantas.

Em uma entrevista recente ao novo canal de Romário, Neymar frisou a felicidade de ser pai de meninas. Por sinal, a terceira, que é mais um fruto do relacionamento com Bruna Biancardi, está a caminho. No atual cenário, o craque vive com Mavie, mas está frequentemente em contato com Helena.

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Haddad rebate Zema sobre dívida dos estados: “Esconde a verdade”

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira (16) que o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo-RS) “esconde a verdade” ao criticar a lei que trata da dívida dos estados. O texto foi sancionado com vetos por Lula (PT) na segunda-feira (13) e tem sido criticado desde então pelos governadores dos estados que devem mais à União.

“O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, usou esta rede para atacar o governo federal, mas, como é de praxe do bolsonarismo, esconde a verdade. Primeiro, esqueceu de mencionar que se reuniu comigo e apresentou uma proposta para a renegociação de dívidas bem menor que a aprovada e sancionada agora”, escreveu o ministro em seu perfil no X (antigo Twitter).

E continuou: “O governador também parece ter se esquecido de outra informação: o veto citado por ele simplesmente pedia que a União pagasse dívidas dos estados com bancos privados”, afirmou.

Haddad aproveitou para alfinetar o governador. Ele citou que, embora Zema adote um discurso de combate aos privilégios no setor público, aumentou o próprio salário em 298% em 2024, durante a vigência do Regime de Recuperação Fiscal do Estado.

O salário do chefe do Executivo mineiro passou de R$ 10.500 (valor que vigorava desde 2007) para R$ 41.845,49 ao mês. A inflação acumulada no período foi de apenas 152,76%.

O governador Romeu Zema afirmou ontem (15) em entrevista que o estado só vai aderir ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag) se os vetos de Lula ao texto caírem. Na terça-feira (14), fez uma crítica ao texto em seu perfil no X, dizendo que “o governo federal quer que os estados paguem a conta de sua gastança”.

“Com vetos ao Propag, Lula quer obrigar os mineiros a repassar R$ 5 bilhões a mais em 2025 e 2026, apesar do recorde de arrecadação federal: R$ 2,4 trilhões em 2024. É dinheiro para sustentar privilégios e mordomias”, escreveu.

Zema também disse que o governo deveria focar seus esforços em diminuir os próprios gastos administrativos. “Enquanto os estados lutam para equilibrar contas, o Planalto mantém 39 ministérios, viagens faraônicas, gastos supérfluos no Alvorada e um cartão corporativo sem transparência. Até quando o contribuinte vai bancar essa desordem?”, questionou.

Arsenal confirma grave lesão no joelho de Gabriel Jesus

O atacante brasileiro Gabriel Jesus passará por cirurgia “nos próximos dias”, depois de ter sofrido uma lesão no ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo, informou o Arsenal nesta terça-feira (14).

Gabriel se lesionou no último domingo, quando os ‘Gunners’ foram eliminados da Copa da Inglaterra (5-3 nos pênaltis, após empate em 1 a 1) pelo Manchester United, e teve que ser retirado do campo de maca.

“Estávamos muito preocupados depois do jogo e estamos muito preocupados hoje”, disse o técnico do Arsenal, Mikel Arteta, em entrevista coletiva nesta terça-feira, antes da confirmação da lesão.

“Gabby será operado nos próximos dias e começará muito em breve seu programa de recuperação”, informou o clube londrino em comunicado.

Por enquanto, não há uma estimativa de prazo para o retorno do atacante brasileiro.

Gabriel Jesus havia recuperado a titularidade no Arsenal e vivia boa fase na equipe depois de um início de temporada complicado. Sua ausência, que deve durar vários meses, se soma às de Bukayo Saka e Ethan Nwaneri no setor ofensivo.

O clube havia vendido Eddie Nketiah para o Crystal Palace na pré-temporada e agora só conta com Kai Havertz como camisa 9 de ofício, por isso os ‘Gunners’ devem ir ao mercado neste mês de janeiro.

O Arsenal é o vice-líder do Campeonato Inglês antes do início da 21ª rodada, com seis pontos atrás do Liverpool, que tem um jogo amenos.

Gardênia Azul: criminosos expulsam moradores que não conseguem comprovar serem donas dos imóveis

Os moradores da Gardênia Azul, na Zona Oeste do Rio, estão sendo ameaçados por criminosos do Comando Vermelho. Segundo denúncia do RJTV, da TV Globo, eles relataram que os traficantes ameaçam expulsar pessoas que não conseguem comprovar serem proprietárias dos imóveis. As abordagens, feitas com fuzil na mão, estão gerando uma onda de pânico na comunidade.

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Em entrevista ao RJTV, uma moradora falou que essa é uma nova regra imposta pelos criminosos que dominam a região.

“Agora estão querendo que a gente prove que é dono da casa. Se não for dono, será expulso. Os inquilinos que moram de aluguel disseram que vão ser colocados para correr. Se não tiver comprovante e o dono não morar lá, todo mundo será despejado. Foi assim que chegaram lá falando. Ameaçando com um fuzil na mão. Todo mundo está com medo”, contou uma mulher que não quis se identificar.

Ela contou que os criminosos chamam um chaveiro quando não são atendidos pelos moradores.

“Eles batem. Às vezes, chamam o chaveiro para abrir a porta. As pessoas, às vezes, estão trabalhando e, quando chegam em casa, eles já estão lá. Aí dizem que, se não tiver o papel para comprovar que é dono, vão entrar e tomar a casa”, relatou.

Segundo os relatos, o objetivo dos criminosos é retomar qualquer imóvel que tenha ligação com a milícia. Um morador afirmou que os traficantes não aceitam documentos emitidos pela organização criminosa que antes controlava o território, apenas os registrados em cartório.

“Tanto que tem uma casa que tinha tudo dentro. A mulher estava no trabalho, chegou e encontrou os bandidos na casa dela. Fico com receio de chegar em casa e encontrar gente dentro da minha casa, tomando conta”, lamentou uma moradora ao RJTV.

Além da rotina de medo e extorsões, os moradores contaram que os traficantes cobram até o estacionamento feito nas ruas da comunidade para quem não tem garagem em casa.

“É R$ 250, e, se não pagar, eles dizem que vão tomar conta. Estamos à mercê disso todos os dias. Governador, prefeito, ninguém faz nada. Só esperamos, enquanto o medo só piora. Saímos para trabalhar e voltamos com medo de tomarem nossas casas”, contou outra moradora.

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Fernanda Torres comenta críticas a ‘nepo babies’: “É a briga errada”

Fernanda Torres, primeira brasileira a vencer um Globo de Ouro, voltou a falar sobre o conceito de “nepo babies”. A atriz, filha de Fernanda Montenegro e Fernando Torres, criticou o discurso vigente em torno da expressão, usada para se referir a pessoas que têm pais famosos e/ou bem-sucedidos.

“É uma dessas coisas que é a briga errada”, disse ela em entrevista ao site IndieWire. “A boa briga é a briga pela educação para todos. A desigualdade não é baseada nas chances que um nepo baby tem. Você pode matar todos os nepo babies do mundo, e não vai resolver o problema da desigualdade. Taxar grandes fortunas é uma forma de lutar contra a desigualdade; lutar por saúde para todos, educação para todos também é”.

O debate em torno dos nepo babies, acrescenta ela, “dá às pessoas o espaço para apontar dedos e fingir que elas estão lutando contra a desigualdade, mas isso só está matando uma coisa linda que é a família de circo, por exemplo. Eu venho de uma família de circo”, disse ela, que na entrevista comentou sobre como via seus pais ensaiando para seus papéis em casa, no dia a dia.

“Agora, eu sou a nepo baby que provou que um nepo baby presta”, brincou. “Eu odeio essa ideia de nepo babies porque as pessoas aprendem em seus ambientes, isso é algo ancestral. A mesa de jantar da minha casa era onde meus pais ensaiavam. Não significa que sua vida está resolvida quando você é um nepo baby. Ao contrário, você precisa se inventar. Você tem outras questões.”

Após vencer o Globo de Ouro por seu trabalho em Ainda Estou Aqui, Fernanda homenageou sua mãe, que concorreu ao prêmio em 1999, por Central do Brasil: “Eu quero dedicar esse prêmio à minha mãe. Vocês não tem ideia, ela esteve aqui há 25 anos. Isso é uma prova que a arte perdura na vida, até durante os momentos mais difíceis, como os quais Eunice Paiva passou.”

Agora, a atriz pode repetir mais um feito de sua mãe e ser indicada ao Oscar de Melhor Atriz. Fernanda Montenegro concorreu nesta mesma categoria em 1999, também com Central do Brasil. As indicações ao Oscar serão reveladas em 19 de janeiro.

‘Meu pai devia morrer na prisão’, diz filha de Dominique e Gisèle Pelicot em entrevista exclusiva à BBC

Advertência: Esta história contém descrições de abuso sexual.

Eram 20h25 de uma segunda-feira à noite em novembro de 2020 quando Caroline Darian recebeu a ligação que mudou tudo.

Do outro lado do telefone estava sua mãe, Gisèle Pelicot.

“Ela anunciou que descobriu naquela manhã que [meu pai] Dominique a havia drogado por cerca de 10 anos para que outros homens pudessem estuprá-la”, lembra Darian em uma entrevista com Emma Barnett, do programa Today da BBC Radio 4.

“Naquele momento, perdi o que era uma vida normal”, diz Darian, hoje com 46 anos.

“Lembro que gritei, chorei e até o insultei”, diz ela. “Foi como um terremoto. Um tsunami.”

Dominique Pelicot foi condenado a 20 anos de prisão no final de um julgamento histórico de três meses e meio em dezembro.

Mais de quatro anos depois, Darian diz que seu pai “deveria morrer na prisão”.

Cinquenta homens que Dominique Pelicot recrutou on-line para estuprar e agredir sexualmente sua esposa inconsciente, Gisèle, também foram condenados à prisão.

Ele foi pego pela polícia depois de filmar mulheres em um supermercado local por baixo de suas saias, o que levou os investigadores a examiná-lo mais de perto. No laptop e nos telefones desse avô aposentado aparentemente inócuo, foram encontrados milhares de vídeos e fotos de sua esposa Gisèle, claramente inconsciente, sendo estuprada por estranhos.

Além de colocar as questões de estupro e violência de gênero sob os holofotes, o julgamento também destacou a questão pouco conhecida da submissão química – agressão facilitada por drogas.

Caroline Darian fez da luta de sua vida o combate à submissão química, que se acredita ser subnotificada, pois a maioria das vítimas não se lembra das agressões e pode nem mesmo perceber que foi drogada.

Darian quer que as vozes das mulheres vítimas de abuso sejam ouvidas

Nos dias que se seguiram ao fatídico telefonema de Gisèle, Darian e seus irmãos, Florian e David, viajaram para o sul da França, onde seus pais estavam morando, para apoiar a mãe enquanto ela absorvia a notícia de que – como Darian diz agora – seu marido era “um dos piores predadores sexuais dos últimos 20 ou 30 anos”.

Pouco tempo depois, a própria Darian foi chamada pela polícia – e seu mundo se despedaçou novamente.

Foram mostradas a ela duas fotos encontradas no laptop de seu pai. Elas mostravam uma mulher inconsciente deitada em uma cama, vestindo apenas uma camiseta e roupas íntimas.

No início, ela não conseguia perceber que a mulher era ela. “Vivi um efeito de dissociação. Tive dificuldades para me reconhecer desde o início”, diz ela.

“Então o policial disse: ‘Veja, você tem a mesma marca marrom na bochecha… é você’. Olhei para aquelas duas fotos de forma diferente… Eu estava deitado do lado esquerdo, como minha mãe, em todas as fotos dela”.

Darian diz estar convencida de que seu pai também abusou e a estuprou – algo que ele sempre negou, embora tenha oferecido explicações conflitantes para as fotos.

“Sei que ele me drogou, provavelmente por abuso sexual. Mas não tenho nenhuma prova”, diz ela.

Ao contrário do caso de sua mãe, não há provas do que Pelicot possa ter feito a Darian.

“E esse é o caso de quantas vítimas? Elas não são acreditadas porque não há provas. Elas não são ouvidas, não recebem apoio”, diz ela.

Logo depois que os crimes de seu pai vieram à tona, Darian escreveu um livro.

I’ll Never Call Him Dad Again explora o trauma de sua família.

Ele também se aprofunda na questão da submissão química, na qual os medicamentos normalmente usados “vêm do armário de remédios da família”.

“Analgésicos, sedativos. São medicamentos”, diz Darian. Como é o caso de quase metade das vítimas de submissão química, ela conhecia seu agressor: o perigo, diz ela, “vem de dentro”.

Ela conta que, em meio ao trauma de descobrir que havia sido estuprada mais de 200 vezes por pessoas diferentes, sua mãe, Gisèle, teve dificuldade em aceitar que seu marido também pudesse ter agredido a filha.

“Para uma mãe, é difícil integrar tudo isso de uma só vez”, diz ela.

No entanto, quando Gisèle decidiu abrir o julgamento ao público e à mídia para expor o que havia sido feito a ela por seu marido e dezenas de homens, mãe e filha estavam de acordo: “Eu sabia que estávamos passando por algo… horrível, mas que tínhamos que passar por isso com dignidade e força.”

A decisão de Gisèle Pelicot de ir a público chocou a França

Agora, Darian precisa entender como viver sabendo que é filha tanto do torturador quanto da vítima – algo que ela chama de “um fardo terrível”.

Ela agora não consegue se lembrar de sua infância com o homem que chama de Dominique, apenas ocasionalmente voltando ao hábito de se referir a ele como seu pai.

“Quando olho para trás, não me lembro do pai que eu achava que ele era. Eu olho diretamente para o criminoso, o criminoso sexual que ele é”, diz ela.

“Mas eu tenho o DNA dele e a principal razão pela qual estou tão comprometida com as vítimas invisíveis é também uma maneira de me distanciar desse cara”, disse ela a Emma Barnett. “Sou totalmente diferente de Dominique.”

Darian acrescenta que não sabe se seu pai era um “monstro”, como alguns o chamaram. “Ele sabia muito bem o que tinha feito e não é doente”, diz ela.

“Ele é um homem perigoso. Não há como ele sair. De jeito nenhum”.

Ainda levará anos até que Dominique Pelicot, 72 anos, tenha direito à liberdade condicional, portanto, é possível que ele nunca mais veja sua família.

Enquanto isso, os Pelicots estão se reconstruindo. Gisèle, diz Darian, está exausta do julgamento, mas também está “se recuperando… Ela está indo bem”.

Dominique Pelicot não é um monstro, pois sabia o que estava fazendo, diz sua filha

Quanto a Darian, a única questão que a interessa agora é aumentar a conscientização sobre a submissão química e educar melhor as crianças sobre o abuso sexual.

Ela se fortalece com seu marido, seus irmãos e seu filho de 10 anos – seu “filho adorável”, diz ela com um sorriso, sua voz cheia de afeto.

Os eventos que se desencadearam naquele dia de novembro fizeram dela quem ela é hoje, diz Darian.

Agora, essa mulher cuja vida foi destruída por um tsunami em uma noite de novembro está tentando olhar apenas para o futuro.

Darian diz que se fortalece com seu marido, seus irmãos e seu filho de 10 anos