A Polícia Civil segue investigando o caso do menino que morreu após ficar preso por cerca de quatro horas dentro de um carro com vidros fechados, em Nerópolis, na Região Metropolitana de Goiânia. À polícia, uma das funcionárias da creche que Salomão Rodrigues Faustino, de 2 anos, frequentava disse que a dona do estabelecimento entrou em desespero quando percebeu que tinha esquecido o menino no veículo.
“Flaviane voltou carregando no colo o Salomão, que estava todo roxo. Ela disse: ‘O que vai ser da minha vida? A mãe da criança vai me matar. Como que esqueci ele dentro do carro?”, relatou a funcionária em depoimento.
“Flaviane voltou carregando no colo o Salomão, que estava todo roxo. Ela disse: ‘O que vai ser da minha vida? A mãe da criança vai me matar. Como que esqueci ele dentro do carro?”, relatou a funcionária em depoimento.
Ao g1, o advogado Giovanni Caldas Vieira Machado, que representa a defesa da dona da creche, disse que a empresária “está profundamente abalada, vivendo o pior momento de sua vida”. Informou ainda que a mulher fez cursos em primeiros-socorros e que tentou salvar a criança. “Não houve qualquer intenção, qualquer descuido consciente ou negligência deliberada”, afirmou ainda a defesa (leia a nota na íntegra ao final da reportagem).
Como e quando aconteceu o caso
Ao g1, o delegado responsável pela investigação, André Fernandes, explicou que Salomão Faustino foi esquecido dentro de um carro pela dona da creche que ele frequentava, Flaviane Lima. O caso aconteceu no dia 18 de fevereiro. Na ocasião, segundo informado pela polícia, o menino ficou trancado dentro do veículo sob forte sol.
A investigação apontou que, no início da tarde, por volta de 12h40 daquele dia, Flaviane buscou Salomão em casa e o levou até a creche. Quando chegou, ela entrou e esqueceu a criança no banco de trás do veículo, presa na cadeirinha e com os vidros fechados. Ela só percebeu que Salomão ficou dentro do carro quando decidiu ir embora da creche para casa em razão de uma dor de cabeça (veja o depoimento da dona de creche abaixo).
Ainda segundo a polícia, ao avistar Salomão dentro do veículo, Flaviane chamou o Corpo de Bombeiros. Os militares o levaram ao Hospital Sagrado Coração de Jesus, mas o menino não resistiu. O pai de Salomão contou que a esposa recebeu uma ligação para a família ir ao hospital em que o filho estava, mas não explicaram a gravidade da situação.
“Eles ligaram para ela ir até o hospital, pois o Salomão estava lá. Não falaram o que aconteceu ou qual era a gravidade da situação. A gente chegou lá e a gente recebeu um choque, pois não esperava que era algo daquela magnitude. Logo mais a gente recebeu a notícia de que ele tinha vindo à óbito”, contou o Vilmar.
“Eles ligaram para ela ir até o hospital, pois o Salomão estava lá. Não falaram o que aconteceu ou qual era a gravidade da situação. A gente chegou lá e a gente recebeu um choque, pois não esperava que era algo daquela magnitude. Logo mais a gente recebeu a notícia de que ele tinha vindo à óbito”, contou o Vilmar.
O delegado revelou que Flaviane tentou fugir, mas foi presa em Itaberaí, a 80 quilômetros de Nerópolis. Ela foi autuada por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, e encaminhada ao Complexo de Prisão Provisória de Aparecida de Goiânia. A Justiça decidiu mantê-la presa após audiência de custódia realizada no dia 19 de fevereiro.
O que disse a dona da creche
Durante audiência de custódia, Flaviane disse que, após chegar ao berçário, trabalhou normalmente e que só percebeu que o garoto estava no veículo quando decidiu ir para casa por conta de uma dor de cabeça. Ela contou ainda que tentou reanimar Salomão.
“Desci na porta do berçário e entrei. Eu subi e fiz minha rotina por volta de quatro horas. Falei para uma das tias que eu ia embora, pois estava com muita dor de cabeça. Quando eu abri o carro, o Salomão dobrou o corpinho dele na cadeirinha. Quando vi, desamarrei rápido da cadeirinha e levei ele para dentro. A gente ligou para os bombeiros. Eu tentei fazer os primeiros socorros, mas a gente percebeu ali que ele já não estava mais”, declarou em depoimento.
“Desci na porta do berçário e entrei. Eu subi e fiz minha rotina por volta de quatro horas. Falei para uma das tias que eu ia embora, pois estava com muita dor de cabeça. Quando eu abri o carro, o Salomão dobrou o corpinho dele na cadeirinha. Quando vi, desamarrei rápido da cadeirinha e levei ele para dentro. A gente ligou para os bombeiros. Eu tentei fazer os primeiros socorros, mas a gente percebeu ali que ele já não estava mais”, declarou em depoimento.
Uma funcionária da creche contou para a polícia que sentiu falta do menino na sala e que perguntou para Flaviane, por volta das 16h45, porque ele não estava presente no berçário. Ainda de acordo com o depoimento, a empresária saiu com o objetivo de ir embora e retornou cinco minutos depois com Salomão no colo, o qual estava “mole e todo roxo”.
Em seguida, a empresária colocou a criança na pia e jogou água no resto do menino, tentando reanimá-lo. Conforme o depoimento, Flaviane disse: “O que vai ser da minha vida, a mãe da criança vai me matar, como que esqueci ele dentro do carro?”.
O que disse a família do menino
A mãe de Salomão, Giselle Rodrigues, disse em depoimento na na Delegacia de Polícia de Nerópolis que o filho não estava dormindo no carro. Ela lembrou ainda que o menino dormiu até quase meio-dia na data em que foi esquecido dentro do carro.
“O meu filho não foi dormindo. Meu filho foi completamente acordado e ele ficava atrás dela. Não tem o porquê dela ter esquecido, eu não sei por que esqueceram, por que não se lembraram do meu filho. Eu estava no meu trabalho, só pensando no meu filho”, falou a mãe.
Giselle passou mal durante o depoimento e desmaiou em entrevista para a imprensa. O Corpo de Bombeiros foi acionado antes dela desmaiar por estar com pressão baixa durante o depoimento nesta sexta-feira(21). Após desmaiar, a mãe foi levada pelos os bombeiros para o Hospital Sagrado Coração de Jesus, que informou que Giselle foi atendida e liberada nesta sexta-feira (21).
A avó de Salomão, Valéria Rodrigues, considerou o menino como um “milagre”, uma vez que a filha dela, Giselle, sofreu dois abortos antes dele nascer.
“O Salomão era o milagre, o desejo do coração da minha filha. Meu tão esperado netinho, tão esperado sobrinho, bisneto, nossa alegria”, relatou a avó. Ela contou que a filha estava grávida de três meses, quando sofreu o último aborto. O pai de Salomão, Vilmar Faustino, contou que, apesar das duas perdas, o filho veio com saúde. “Ele veio com muita saúde e se foi também”.
“O Salomão era o milagre, o desejo do coração da minha filha. Meu tão esperado netinho, tão esperado sobrinho, bisneto, nossa alegria”, relatou a avó. Ela contou que a filha estava grávida de três meses, quando sofreu o último aborto. O pai de Salomão, Vilmar Faustino, contou que, apesar das duas perdas, o filho veio com saúde. “Ele veio com muita saúde e se foi também”.
Para a TV Anhanguera, o tio de Salomão, Daniel Rodrigues, ainda descreveu o sobrinho como uma ‘promessa de Deus’. “Foi uma promessa de Deus na nossa vida através da minha sobrinha Giselle. Eu tinha ele praticamente como um filho. Ele era uma criança muita saudável, brincalhona, alegre. Onde ele chegava, deixava o ambiente totalmente alegre”, relatou.
Nota da defesa da dona da creche na íntegra:
“É fundamental lembrar que estamos diante de uma perda irreparável. Uma criança perdeu a vida, e isso é algo devastador para todos os envolvidos. Deixamos nossos sentimentos, em especial, aos familiares. A cidade de Nerópolis está em silêncio, é possível sentir nas ruas o peso e a dor do ocorrido.
Minha cliente, trabalha com crianças e jovens há anos, sempre foi uma pessoa responsável e cuidadosa e , está profundamente abalada, vivendo o pior momento de sua vida. A creche conta com registro do cadastro de pessoa jurídica e alvarás de funcionamento.
Minha cliente preza pela preparação, tendo cursos na área de pedagogia e primeiros socorros. Justamente para estar preparada para qualquer emergência. Não houve qualquer intenção, qualquer descuido consciente ou negligência deliberada. Assim que percebeu o que havia acontecido, em completo desespero, tentou reanimar a criança e buscou socorro imediato dos bombeiros. Infelizmente, o pior já havia ocorrido.
Não há a tentativa de se esquivar da responsabilidade. No momento da prisão em flagrante pela polícia minha cliente estava, na companhia de seu companheiro, a caminho do distrito policial para se apresentar. Confiamos na investigação em andamento pela Policia Civil e na atuação da Justiça.
A família da minha cliente informa que a creche não foi aberta hoje e provavelmente não voltará a abrir, em vista do abalo emocional. Infelizmente um acidente devastador para todos, fazendo vítimas em todas as famílias envolvidas.”
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